Calle Soriano

A primavera naquele bairro

Posted in Sem categoria by iurimuller on 9 de julho de 2013
Foto: Iuri Müller

Foto: Iuri Müller

“El tiempo está después” é uma singela canção de Fernando Cabrera, na qual o músico montevideano oferece um brinde à própria cidade. Mesmo que possa haver alguém nestes versos – un día nos encontraremos / en otro carnaval – muito do carinho parece destinado a Montevidéu, suas ruas, suas chuvas, seus trens.

A composição é de Cabrera, mas não faltam versões alternativas. Aqui, a original, a de Jorge Drexler e a do Perotá Chingó.

Porto Alegre vista do alto

Posted in Crônica by iurimuller on 22 de maio de 2013

Fotos de Bernardo Jardim Ribeiro

Era junho de 2010 e a Copa do Mundo retumbava forte em Montevidéu. A seleção uruguaia já estava entre as quatro finalistas do torneio e, para as semifinais, alguém providenciou um telão para que o jogo fosse visto na Praça Independência, de frente para a Avenida 18 de Julho. Não sei precisar quantos milhares estiveram entre a praça e a avenida – arriscar o número que traduz uma multidão é tarefa mais fácil dentro dos estádios de futebol.

Pensei que, do alto, a aglomeração de uruguaios com bandeiras celestes e garrafas de cerveja seria ainda mais fotogênica. Passei, com o Maurício Brum, que me acompanhava, de prédio em prédio entre os mais altos da praça. A ideia era subir em direção ao terraço, poder ver a estátua equestre de Artigas – naquele dia quase invisível em meio aos torcedores – de cima de um dos edifícios. Foram quatro negativas consecutivas no intervalo da partida, quando havia tempo para pleitear a fotografia. No caso de um hotel, um dos mais caros do bairro e possivelmente da cidade inteira, nos sugeriram “marcar uma reunião com o gerente ou formular um pedido por escrito”. Mas Uruguai e Holanda duelariam só por mais quarenta e cinco minutos, e na Independência o fervor só teria sequência em caso de vitória e classificação para a final.

Por casualidade e muita sorte, nos abriram as portas justamente no prédio mais central da praça, edifício de escritórios e amplas residências. O argumento de que éramos jornalistas brasileiros funcionou, mas o porteiro avisou que a entrada no terraço era proibida – a proteção era baixa demais – e que só um de nós poderia subir, para manter a discrição e evitar acidentes trágicos. Menti que éramos fotógrafos de dois jornais rivais, e que, se apenas um subisse, o outro ficaria lamentavelmente sem o registro. Ele pediu alguma colaboração em dinheiro – o suborno sempre encontra as construções frasais mais inesperadas – e tive que mentir outra vez: “não entendo muito bem o espanhol, é certo que já podemos subir?”. Entre decepcionado e indiferente, apertou o botão do elevador e sentou resignado na cadeira. (more…)